19 junho 2015

Seriedade para mudar


Os detalhes são reveladores. Quando seres humanos são obrigados a tomar decisões muito graves, como, por exemplo, declarar guerra a outros agrupamentos humanos, estas decisões ganham caráter solene, marcial, afinal, estadistas não declaram guerra sorrindo, festejando despudoradamente sobre eventos que são graves, que respondem negatividade com negatividade.

Que esses senhores se expressem com sorrisos abertos e públicos após tomarem decisões que até quem apoia a decisão sabe que é uma decisão fruto de uma derrota social, de uma falência de projeto civilizador, e que esses senhores gozem no riso, comemorem com sorrisos abertos uma medida que é dura, séria, grave, prisional, isto diz muito sobre esses senhores e sobre quem eles representam, sobre uma ordem da festa, que é uma ordem de crueldade. Nem os nazistas sorriam em público diante do que "tinham que fazer"; os que sorriram foram considerados perversos e foram executados pelo regime de Hitler. Nem os nazistas sorriram publicamente diante dos crimes contra a humanidade que praticaram. 

Por que esses senhores estão sorrindo, se nenhuma meta educacional importante foi alcançada ou batida pelo país? Se nenhuma meta de mais trabalho, mais emprego, mais riqueza com igualdade, foi alcançada e batida pelo país? Se nenhuma meta de superação de injustiças, desigualdades e corrupções, foi alcançada e batida pelo país? Por que esses senhores estão sorrindo? Sorriem de quê? Não há do que sorrir, não há o que comemorar. O país precisa de seriedade, trabalho e democracia, não de moleques.

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Postado por Leonardo Sá on Quinta, 18 de junho de 2015 - Com autorização do autor.
Leonardo Sá é Professor do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará (UFC). Pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV-UFC). É editor do blog Campos em fuga.

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