24 maio 2007

Receita para uma população dócil. PARTE 2: a Cultura.

Numa conferência realizada nos E.U.A., sobre o papel desempenhado pelo World Bank (Banco Mundial) no aumento da pobreza no mundo, o membro do Congresso Americano Spencer Bachus fez uma declaração interessante: constatando os níveis de educação no Afeganistão, afirmou que se o povo afegão não dava educação às crianças, os norte-americanos assim o fariam (referindo-se aos incentivos financeiros e à interferência direta de agências especializadas no local). É um comentário bastante interessante, sob dois aspectos: 1) demonstra a força do capital internacional na (in)gerência das políticas de um país periférico e 2) atesta o interesse em estabelecer critérios ocidentais aos povos dos países que se encontram à margem do capitalismo globalizado.

Aquilo fez-me lembrar de uma aula proferida pelo Professor Boaventura de Sousa Santos, relacionada a sua teoria da ecologia dos saberes.

23 maio 2007

Armas, flores e estilos

Os estudantes da Universidade de São Paulo preparam flores de papel para resistir contra a Polícia Militar do Estado. Aí está um fenômeno interessante no movimento estudantil brasileiro e que pode servir de modelo de resistência às "políticas de violência" naquele Estado. A atitude destes jovens, que desde o dia 3 de maio ocupam a reitoria de sua universidade, é louvável e clara manifestação cidadã, democrática e, portanto, legítima. Inclusive, não é de se estranhar que os professores da mesma instituição tenham entrado em greve (no melhor estilo budista, em que o mestre aprende com o aluno): é sinal que os seus pupilos não podem estar errados - há algo de podre no reino da USP (no melhor estilo shakespiriano).

Muita coisa mudou desde o fim da ditadura militar; não há mais intervenção do exército nem da polícia política (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna ou DOI-CODI para os "íntimos", no melhor estilo fascista). Também não há, ou pelo menos ficou desarticulado os protestos de jovens estudantes armados com bombas caseiras, coquetéis molotov e etc (no melhor estilo Che Guevara); os estudantes que manifestam contra o desmantelo das instituições públicas de ensino superior protestam de maneira pacífica (no melhor estilo Ghandi)... Alguns podem argumentar que a ocupação do prédio da reitoria da USP é, em si, um atitude ilegal. Mas a legalidade jamais deve prevalecer sobre a legitimidade: o jurídico deve ser sempre inferior ao político, o jurídico é sempre uma conseqüência do político. É de se perceber que os atuais movimentos e organizações populares tomam relevo e assumem práticas que, muitas vezes são atentatórias à ordem pública e ao ordenamento jurídico - isso é inquestionável. Mas a violência do Estado não deve ser utilizada contra manifestações pacíficas; ela serve de condão contra a criminalidade e o "braço da lei" jamais deve levantar-se contra o cidadão.

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