01 setembro 2008

A crise internacional e a estabilidade brasileira

Nos últimos meses, tenho acompanhado com bastante atenção a crise econômica que abalou o Norte Global, causada pela especulação selvagem no mercado financeiro das ações (stock options) do mercado imobiliário norte-americano: o mini-crash que ficou conhecido como sub-prime crisis.


O resultado disso nos E.U.A. e União Européia foi uma crise financeira generalizada (credit crunch), que impede a oferta de crédito e prejudica a economia (inflação de 4,4% e desvalorização imobiliária de 19% no Reino Unido, por exemplo) e as políticas de emprego. Ainda, os preços estratosféricos do barril de petróleo vêm complicar esse cenário, comprimindo um setor do mercado que cria e mantém muitos empregos (o automobilístico) e encarecendo ainda mais os produtos alimentícios.


O que causa espanto é que, pela primeira vez desde sempre, talvez em toda a História, o Brasil não sofre com gravidade as consequências dessa crise internacional. É evidente que haja uma diminuição nas exportações, mas no geral, existe todo um cenário inverso: crédito em abundância para o setor da construção civil (o que impulsiona o crescimento do mercado interno, pelo endividamento dos jovens que compram sua primeira residência e pela circulação de riquezas trazida junto com o fortalecimento de todos os setores que estão ligados à construção civil).

Ainda, a auto-suficiência energética brasileira (combustíves fósseis, bio-combustíveis e energia elétrica) colocou o País fora da crise petrolífera internacional - isso para não falar das recentes descoberdas de novas jazidas do óleo cru. Apesar das dificuldades regionais, o Brasil conseguiu ainda assumir uma postura de liderança econômica na América Latina, intermediando diversos conflitos diplomáticos e estabelecendo um diálogo aberto com os diversos governos da região - fortalecendo o MERCOSUL e concretizando a UNASUL.

Por fim, a independência do Brasil em relação ao F.M.I. e ao Banco Mundial foi uma das conquistas mais importantes dos últimos 6 anos. Sem dúvida nenhuma, a liberdade em determinar quais são as políticas econômicas e sociais a serem aplicadas no Brasil trouxeram uma maior estabilidade à economia nacional. A questão é: até quando?

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