27 março 2007

A nova Ciência

“The Universe is a continuum; but our knowledge of it is departmentalized. Every learned Society is a pigeonhole, every University a columbarium." (Aldous Huxley).

Faz alguma confusão imaginar o pensamento humano diluído. Pensar no conhecimento em compartimentos é negar o fato de uma universalidade do mesmo e da inabilidade do ser à atividade de pensar.

O grande responsável pelo "encaixotamento" do pensamento ocidental foi Aristóteles; quando criou as disciplinas, tutelou e escravizou o pensamento humano, numa tentativa de dar-lhe uma maior coerência. Mas aí já vão centenas de séculos, e a humanidade hoje prescinde desta esquizofrenia intelectual. Quando se observa o entrelaçamento das ciências humana e de saúde, ou de saúde e tecnológica, ou qualquer outra forma de combinação dos saberes, percebe-se que, cada vez mais, todos os ramos do conhecimento humano estão interdependentes. Quando se faz uma afirmação desta monta, protestos surgem de todos os lados; protestos positivistas, compartimentalistas, enquadracionistas, absolutistas... "Síntese!" ou "Unidade!" ou "Autonomia!" são as "palavras de ordem" e progresso que se vazem ouvir por todos os corredores das instituições de ensino, quando, na realidade, o quê se deveria buscar era o tal universalismo do saber e uma nova forma de se construírem as relações de poder social. Como assim, poder social? Ora, não se guarda segredo da íntima relação existente entre Saber e Poder, sendo desnecessário traçar as origens greco-judaico-romanas desse vínculo - pois, se os gregos criaram os fundamentos da razão humana, os romanos trabalharam a política e o Direito, cabendo aos judeus separar estes campos do pertencente à religião. Com o advento ou contínuo aprimoramento do saber, chegou-se à Ciência e ao laicismo e é isto o que interessa discutir aqui - mesmo que brevemente.


Nas universidades, ao redor do mundo, não existe tanta necessidade de profundas descobertas, mais do quê saber como calcular, administrar e prever os impactos dos saberes sobre a vida na Terra. Soluções de ordem ético-jurídico-sociológicas devem andar pari passu aos progressos bio-tecnológicos e vice-versa, porque já não se pode esconder a irresponsabilidade técnico-científica (da Bomba de Hidrogênio à separação entre Direito e Moral) que percorreu a maioria das intervenções humanas. O que se pede aos pesquisadores e acadêmicos é menos preocupação com o Poder (que se expressa através da obtenção do título acadêmico) e mais comprometimento com as conseqüências de seus trabalhos - e já, aqui, lamenta-se a crescente falta de honestidade intelectual e a prostituição dos saberes.

Emancipação do pensamento humano, já! Antes que seja tarde demais.

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