30 julho 2007

Receita para uma população dócil. PARTE 3: Auto-estima popular.

Numa relação de poder, uma das maneiras de controlar o Outro é manter-lhe a moral em baixa. Então, como manter baixa a auto-estima de uma população? Bem, uma receita deve incluir: um pouco de medo (insegurança), uma miséria que habilite e force a reprodução dos indivíduos (pobreza assistida) e um quadro social que não gere grandes espectativas para o futuro (catástrofe iminente). Qualquer bom ditador sabe que um povo não pode ter orgulho de si, porque torna-se consciencioso e participativo; esse é um perigo que todo governo tenta evitar.

Contudo, somente o medo e a "depressão" popular não bastam. Esse povo precisa sentir-se incapaz de repensar sua vida ou fazer projetos para o futuro. Para garantir a efetividade desse controle, é preciso apagar e reescrever a História, num processo contínuo de criação de um ambiente social pessimista que só favorece às forças reacionárias.

25 julho 2007

Democracia na corda-bamba e o vento da globalização


Me vejo confrontado com duas realidades interessantes: uma política e outra econômica. Ambas fazem parte de uma mesma lógica, a qual estamos todos sujeitos e d'onde existem poucos pontos de escapatória. Na realidade, posso dizer que a situação que vou comentar agora me coloca com a corda no pescoço - o que requer alguma orientação. As duas têm seus próprios problemas, mas estão profundamente entrelaçadas.

15 julho 2007

A pena azul do tucano do Cocó

Era uma vez, num reino distante, um Monarca muito imponente e ambicioso. Ele era conhecido por sua avassaladora paixão: todas as vezes que se apaixonava por algo, fazia de tudo para submetê-lo ao seu controle, a todo custo.

De tanto ouvir as histórias de belezas e de liberdade nas florestas, cantadas por seu menestrel - um poeta e "cientista das palavras", que falava em língua de kari'oca -, o Rei criou uma imensa curiosidade sobre a liberdade dos pássaros. Então, mandou construir um enorme palácio nas margens de um mangue, para que pudesse ouvir o canto dos bem-te-vi mais de perto, quando viesse passar férias numa das mais lindas praias do seu reinado... Foi lá que ele encontrou, pela primeira vez, o tucano azul do Cocó.

Obcecado pela beleza daquela ave, apaixonou-se pelos tucanos azuis. E não descansou enquanto não conseguiu capturar a todos; nessa tarefa, destruiu toda a floresta, eliminando com ela todos os animais que ali haviam...

09 julho 2007

Endereço do Tratado da União Européia, na internet.

Uma "cartinha descontraída" da Internet - para levantar o "astral"... com alguma informação útil (ironias do destino...).

O endereço abaixo é tão intuitivo quanto é legível:
http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/site/pt/oj/2006/ce321/ce32120061229pt00010331.pdf

É o endereço eletrônico do Tratado da União Européia. Para se chegar ao texto do tratado, não é preciso navegar bastante. Mas, lá chegando, surge um pequeno problema do dia-a-dia de todo internauta.

Embora o documento seja fundamental ao exercício da cidadania européia, a versão original do arquivo tem 22 Mbytes - no Portão da União Européia (português).

03 julho 2007

Moral distorcida: uma guerra contra o terrorismo?

Muito sugestiva a análise que contrapõe guerra e terrorismo como duas idéias diferentes. Do ponto de vista discursivo, a diferença entre os dois termos surge de uma distorção da moral, da mesma forma como fazemos na distinção entre violência e agressão.

Esta semana, sugiro o vídeo de Noam Chomsky sobre a "guerra" norte-americana contra o "terrorismo" muçulmano, no contexto da invasão do Iraque. São argumentos fortes e dirigidos por um comentário inicial: seja cético e pense se as informações que você recebe são verdadeiras.

O idioma é inglês e não há legendas. Requer internet de alta velocidade ou uma boa dose de paciência. Boa "leitura".

24 maio 2007

Receita para uma população dócil. PARTE 2: a Cultura.

Numa conferência realizada nos E.U.A., sobre o papel desempenhado pelo World Bank (Banco Mundial) no aumento da pobreza no mundo, o membro do Congresso Americano Spencer Bachus fez uma declaração interessante: constatando os níveis de educação no Afeganistão, afirmou que se o povo afegão não dava educação às crianças, os norte-americanos assim o fariam (referindo-se aos incentivos financeiros e à interferência direta de agências especializadas no local). É um comentário bastante interessante, sob dois aspectos: 1) demonstra a força do capital internacional na (in)gerência das políticas de um país periférico e 2) atesta o interesse em estabelecer critérios ocidentais aos povos dos países que se encontram à margem do capitalismo globalizado.

Aquilo fez-me lembrar de uma aula proferida pelo Professor Boaventura de Sousa Santos, relacionada a sua teoria da ecologia dos saberes.

23 maio 2007

Armas, flores e estilos

Os estudantes da Universidade de São Paulo preparam flores de papel para resistir contra a Polícia Militar do Estado. Aí está um fenômeno interessante no movimento estudantil brasileiro e que pode servir de modelo de resistência às "políticas de violência" naquele Estado. A atitude destes jovens, que desde o dia 3 de maio ocupam a reitoria de sua universidade, é louvável e clara manifestação cidadã, democrática e, portanto, legítima. Inclusive, não é de se estranhar que os professores da mesma instituição tenham entrado em greve (no melhor estilo budista, em que o mestre aprende com o aluno): é sinal que os seus pupilos não podem estar errados - há algo de podre no reino da USP (no melhor estilo shakespiriano).

Muita coisa mudou desde o fim da ditadura militar; não há mais intervenção do exército nem da polícia política (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna ou DOI-CODI para os "íntimos", no melhor estilo fascista). Também não há, ou pelo menos ficou desarticulado os protestos de jovens estudantes armados com bombas caseiras, coquetéis molotov e etc (no melhor estilo Che Guevara); os estudantes que manifestam contra o desmantelo das instituições públicas de ensino superior protestam de maneira pacífica (no melhor estilo Ghandi)... Alguns podem argumentar que a ocupação do prédio da reitoria da USP é, em si, um atitude ilegal. Mas a legalidade jamais deve prevalecer sobre a legitimidade: o jurídico deve ser sempre inferior ao político, o jurídico é sempre uma conseqüência do político. É de se perceber que os atuais movimentos e organizações populares tomam relevo e assumem práticas que, muitas vezes são atentatórias à ordem pública e ao ordenamento jurídico - isso é inquestionável. Mas a violência do Estado não deve ser utilizada contra manifestações pacíficas; ela serve de condão contra a criminalidade e o "braço da lei" jamais deve levantar-se contra o cidadão.

29 abril 2007

Receita para uma população dócil. PARTE 1: a Educação.

Nas últimas semanas, tenho dado uma maior atenção à semiótica e às estruturas de enculturação social. Da minha análise, que ainda é superficial, ressalta a (pré)conclusão de que existe uma certa coerência entre os autores que cuidam do assunto, quando afirmam que os processos de enculturação são bastante úteis à manutenção dos sistemas sociais e econômicos; os resultados da observação variam de acordo com o agrupamento humano observado, como é evidente.

27 abril 2007

Redução da maioridade penal no Brasil

Causa certo embaraço e muita tristeza saber que foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça brasileira o projeto de alteração da maioridade penal no Brasil. Embaraço porque o legislador brasileiro está tentando resolver o problema da criminalidade criando mais criminosos. Tristeza porque conhecer o perfil penitenciário brasileiro é saber que lá não é lugar para jovens.

31 março 2007

A informação e a condição humana

“If people really knew [the truth], the war would be stopped tomorrow. But of course they don’t know, and can’t know.” (David Lloyd George, acerca da Primeira Guerra Mundial).

Existe uma mudança no pragmatismo da Educação nas sociedades que vivem a pós-modernidade. Esta mudança ocorre graças ao novo sistema empregado na programação das personalidades individuais e é possível confrontá-la com sua antecessora - e é isto que se vai tentar fazer neste post.

Há 50 anos atrás, as pessoas eram programadas em escolas, basicamente por meio do modelo hierarquicamente organizado "professor-alunos", no qual a comunicação se dava, principalmente, por meio da experiência áudio-táctil e concreta, mediante um sistema de ensino planejado e centralizado; a verbalização e a linguagem escrita eram condicionantes do processo de aprendizado e, desta forma, o único caminho à perpetuação da História/modelo social.

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